quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Navios gigantes – O Berge Stahl

 

 

por Erik Azevedo
O que falar sobre este navio? Muita coisa pois apesar de ser um navio que foi lançado apenas para fazer uma única linha dedicada entre dois grandes portos apenas, é um navio que desperta fascínio por seu tamanho e tecnologia na época.
Este é o M/S Berge Stahl!
Qualquer um ficaria maravilhado ao observar o maior navio graneleiro já construído até então (hoje são os gigantes Valemax com 400 mil TDW). O gigante Berge Stahl é parte da frota de 22, mega graneleiros da Berge Bulk, empresa formada em 2007 com a fusão das gigantes Bergesen d.y. ASA.  da Noruega, com a WW (World Wide Shipping, de capital americano e asiático).

Site da Berge Bulk, com o sugestivo slogam “movendo montanhas”
O Berge Stahl construído em 1986 na Coreia do Sul nos estaleiros Hyundai, foi pensando e projetado para fazer praticamente uma só linha apenas, um mega contrato entre a extinta CVRD, com siderúrgicas alemãs e holandesas.
O navio quando construído arvorou bandeira liberiana até 1989, quando teve registro alterado para Noruega (NIS) com porto de registro em Stavanger.
Foto do Berge Stahl antes da mudança de cores na chaminé atracado em Ponta da Madeira foto : Larouche

Operação apenas entre 2 portos?

Por causa do tamanho gigante deste navio, somente era possível carrega lo totalmente no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, para o  Europoort na região do Porto de Rotterdam na Holanda, pois somente estes dois portos ofereciam condições de calado para este navio quando totalmente carregado. Outro detalhe é que somente é possível sair de Ponta da Madeira e entrar no Europoort com maré cheia, para evitar um desagradável encalhe, coisa que jamais aconteceu com o Berge Stahl.
O Berge Stahl, normalmente faz 10 viagens por ano entre estes dois portos com uma média de 5 semanas em cada viagem redonda, isso foi sempre assim até 1990, quando pela primeira vez ele tocou um porto diferente do que Ponta da Madeira para carregar, devido a questões contratuais da CVRD.
Acidente
No fim do ano de 1994 o Berge Stahl tem sua programação novamente alterada  por um acidente, porem não envolvendo ele, e sim o velho navio “O/O Trade Daring” que havia partido ao meio enquanto carregava no principal berço de Ponta da Madeira.
A primeira providência da empresa na época foi dar ao Píer II o status de terminal principal, apesar da limitação em termos de toneladas de apenas 150 mil. A limitação se a diferença de calado. Enquanto no Píer II não passa de 18 metros, no da Ponta da Madeira é de 45, o que justifica a operacionalidade com graneleiros acima de 360 mil toneladas de capacidade, caso do Berge Stahl, por exemplo. A decisão apenas atenuou o problema, visto a maioria dos navios agendados para os meses de novembro de dezembro daquele ano tinha como capacidade de carga além das 200 mil toneladas.
Outra solução foi acionar o Sistema Sul – leia-se o Porto de Tubarão, no Espírito Santo – para atender compromissos naturais do Sistema Norte, sobretudo naqueles compromissos dos navios de grande porte. Não foi uma decisão fácil. Uma mudança de porto de um sistema para o outro representa um acréscimo de rota da ordem de 1,5 mil milhas, ou dois ou mais dias de viagem, alterando de forma significativa o organograma de custos das embarcações, além de jogar para o alto o calendário de contratos. No caso do maior graneleiro do mundo, o Berge Stahl, o próprio Sérgio Guimarães anunciou a operação, mas explicou as dificuldades.
“Levar o Berge Stahl até Vitória no ES para o carregá-lo em Tubarão exigiu um complexo projeto de logística. O porto conseguiu atraca-lo, mas para isso precisou reduzir a quantidade de carga para “apenas” 290 mil toneladas – 70 mil a menos do que ele recebe em São Luís, sob pena de perder a navegabilidade por se tratar de águas mais rasas”, explicou na época. “Essa carga reduzida acabou se transformando num complicador a mais na operação de prejuízos, somente levada a efeito devido à situação de emergência causada pela interdição do TPM”, disse um experiente agente de navegação maranhense, com mais de 20 anos de atividade portuária, também assustado com o ineditismo da situação- Extraído do site -Portos do Maranhão.
Foto: Christian
Mas ultimamente devido à questões logísticas o Berge Stahl tem feito suas docagens na Ásia, como por exemplo em 2006 quando fez uma docagem especial de 20 anos, então novamente o Berge Stahal foi programado para carregar em Tubarão para entregar um carregamento no porto de Majishan, China, e em seguida fez sua docagem. Na viagem de retorno à  Rotterdam, o Berge Stahl carregou minério de ferro na Australia em  Dampier, que fica no Oeste australiano, e completou carga em  Saldanha Bay na Africa do Sul, aonde permite um calado máximo de 21 metros.
Máquina
Todo navio grande tem uma grande máquina, para poder mover um navio tão pesado, e isso não pode ser diferente no Berge Stahl, que possui um dos maiores motores à diesel do mundo, é um “Hyundai B&W 7L90MCE” , com  27.610 hp que pode gerar também 20.59 MW (existem máquinas maiores e bem mais potentes como as dos navios porta container). Ele pode atingir a velocidade de operação 13.5 nós. E com um hélice de passo fixo de 9 metros de diâmetro.

Chegando em Rotterdam

Quando o Berge Stahl deixa Cherbourg na costa francesa, ele já inicia a redução de velocidade, pois começa a se aproximar de águas mais restritas ao seu calado. Aproximadamente 60 km, antes do navio chegar 2 práticos, embarcam via aérea (helicóptero), e com o auxilio destes 2 práticos o navio começa a se aproximar lentamente através de um canal mais profundo chamado de “Eurogeul”. Faltando mais 20 km antes de entrar em Rotterdam, o navio necessita reduzir ainda mais sua velocidade quando chega em Maasgeul (um ponto de encontro antes de entrar no estuário) que é a entrada do canal de acesso à Rotterdam. A passagem por Maasgeul, somente é possível durante algumas horas em dias específicos apenas, e baseado na maré e condições de mar adequadas. Se caso o navio perder sua “janela” de entrada é preciso esperar pelas próxima 12hs para possibilitar nova tentativa de entrada.
Para poder passar  pelo canal Maasgeul o navio não pode calar mais do que, 22 metros, pois a profundidade no Maasgeul é de 24 metros, pois caso o navio se incline para um dos bordos em um ângulo de apenas 3 °, ele teria 1,65 metros à mais de calado. É por esta razão, que o Berge Stahl só pode ser carregado com 354.000 toneladas (enquanto que ele pode transportar 364.768 toneladas).
Deixando o Maasgeul, o Berge Stahl deixa logo a boia Maascenter, dali em diante ele já estará sob os cuidados de uma escolta por um navio patrulha da autoridade do Porto de Rotterdam. Ao passar o cais, quatro rebocadores conectam cabos no navio para manobra lo e encaixar lo no terminal EECV. Para esta manobra um terceiro prático do porto  sobe a  bordo.

Terminal para minérios EECV em Rotterdam
Uma vez atracado, em apenas 3 dias e meio, ele é totalmente descarregado, e sua carga é transbordada para barcaças e batelões de navegação interior. Estas embarcações com calado reduzido podem entregar os carregamentos para as siderurgicas situadas no Vale do Ruhr na Alemanha (Thyssen Krupp e HKM).

Viagem de retorno

Enquanto o navio é descarregado, seus tanques de lastro já começam a ser enchidos com água, e por fim quando totalmente descarregado, ele já está com 118 mil toneladas de lastro nos tanques. Durante sua viagem de retorno 20% do lastro é alijado após a passagem pelo Golfo de Biscaia, que é a parte crítica da viagem por ser uma região de instabilidade climática, assim para economizar combustível este lastro adicional é descarregado (20%). E durante a viagem de regresso as anteparas dos porões são tratadas e pintadas para conservação. A viagem leva em média 11 dias até Ponta da Madeira.
Atracado no berço para minérios em Hotterdam se vê a vante um navio porte suezmax (até 200 mil toneladas)- foto Fletcher

Dados principais

Nome:Berge Stahl
ArmadorBERGE BULK NORWAY AS
Operador:BERGE BULK NORWAY AS
Porto de registro: Noruega, Stavanger
Construído:Hyundai Heavy Industries Co., Ltd.
Ulsan, South Korea
Quilha batida:15 Março 1986
Lançado:5 Setembro 1986
Identificação:Call sign: LATO2
DNV ID: 14702
IMO number: 8420804
MMSI no.: 258817000


Características gerais
Classe e tipo:Det Norske Veritas: 1A1 ore carrier ESP HC E0
Tonelagem:175.720 GT; 364.767 DWT
Comprimento:342 m (1,122 ft)
Boca:63 m (207 ft)
Calado:23 m (75 ft)
Propulsor:1 screw, ∅9m
Hyundai 7L90MCE diesel engine
Velocidade:13.5 kts
Tripulação:16








Pequeno documentário em inglês sobre a entrada do Berge Stahl em Rotterdam.

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