sábado, 4 de janeiro de 2014

Novos rumos para a produção cinematográfica no Maranhão



Ricardo Alvarenga / O Estado

01/01/2014 às 08h28 - Atualizado em 01/01/2014



No ano passado, o Maranhão ganhou destaque no cenário cinematográfico brasileiro, com a premiação do filme Acalanto, de Arturo Saboia, no 41º Festival de Cinema de Gramado, sendo vencedor de seis premiações na categoria curta-metragem, e a circulação nacional de Exercício do Caos, de Frederico Machado. Aliado a isso, foram inaugurados três novos cinemas no Estado: um na cidade de Imperatriz, da Rede Cinesystem, no Imperial Shopping; outro em São Luís, da rede UCI Kinoplex, no Shopping da Ilha, ambos em maio deste ano, e ainda o Cine Lume, no edifício Office Tower, na capital maranhense. “Quanto maior o número de salas, maior a possibilidade de formação do público. O Cine Lume surge com essa proposta de trazer filmes mais autorais, a que dificilmente o público teria acesso nas telonas. Essa diversidade é extremamente salutar”, destacou Arturo Saboia, cineasta.

Além do sucesso das duas produções, outros diversos eventos aconteceram na cidade, incentivaram a produção cinematográfica maranhense e a formação de plateia para o cinema no estado. Destaca-se o Projeto São Luís nos 4 cantos, lançado em fevereiro deste ano, com foco na produção de curtas-metragens para eternizar no cinema história de maranhenses, como Reynaldo Faray e Patativa da Madre Deus, o projeto foi promovido pela Fábrica Filmes, em parceria com a Cemar e a Secretaria de Estado de Cultura. “A produção cinematográfica maranhense tem crescido de forma significativa, só com o Projeto São Luís nos 4 Cantos, vamos lançar 10 filmes ano que vem”, acrescentou Mavi Simão produtora cinematográfica.

Entre outros projetos realizados durante o ano, o Cinema pela Verdade, foi um dos poucos que teve circulação em diversas cidades do estado. Foram exibidos dois filmes e dois documentários que provocaram debates sobre o período da Ditadura Civil-Militar na América Latina e suas consequências. “O Cinema pela Verdade foi um momento de troca de conhecimento através do diálogo com a comunidade em geral de diversos lugares do Maranhão e com as pessoas que de alguma forma dialogam com a temática”, afirmou Dinalva dos Anjos, coordenadora da Mostra no Maranhão.

Recentemente, no mês de novembro, também aconteceram dois importantes eventos para a promoção do cinema de arte no estado, a 8ª Mostra de Direitos Humanos na América do Sul, que celebrou o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, por meio da exibição de filmes e documentários. Simultâneo à mostra, foi realizado o III Festival Internacional Lume de Cinema, que teve em sua programação mais de 60 filmes, exibidos no Cine Praia Grande e no Cine Lume. Participaram do evento personagens de renome do cenário cinematográfico nacional e internacional, como os diretores Rosemberg Cariri, Marcos Pimentel, Aly Muritiba e João Carlos Sampaio.

Produções – Um dos filmes responsáveis por alavancar a produção cinematográfica maranhense no Brasil foi Acalanto, produzido pelo publicitário e cineasta maranhense, Arturo Saboia. O filme foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado, realizado em agosto desse ano. O curta levou seis kikitos, entre eles o de Melhor Filme pelo júri oficial, melhor diretor, direção de arte e atriz. A produção maranhense foi a mais premiada na edição do festival este ano. Baseado no conto intitulado A Carta, do escritor moçambicano Mia Couto, o curta-metragem traz, em seu elenco, os atores Luiz Carlos Vasconcelos e Léa Garcia. O filme de Saboia também foi destaque em diversos festivais nacionais e internacionais. A produção fecha 2013 com 27 premiações. A mais recente foram os prêmios de Melhor Ator para Luiz Carlos Vasconcelos e Melhor Atriz para Léa Garcia no 10° Cine Mube, em São Paulo.

A história do filme reproduz as dificuldades vividas por uma senhora analfabeta, que pede a um amigo que leia e releia uma única carta antiga deixada pelo filho há 10 anos. Por meio dessas leituras, uma amizade e cumplicidade são criadas entre os dois. Acalanto, com 23 minutos, foi gravado ano passado no Centro Histórico de São Luís e as filmagens duraram cinco dias. Para Arturo o filme pode servir como um incentivo as novas produções que valorizem os cenários locais. “Eu torço para que sirva de incentivo para uma nova geração de produtores e cineastas locais. No Maranhão, tem muita gente talentosa e cenários arquitetônicos e naturais interessantíssimos, que merecem ser mostrados na tela de todas as formas possíveis”, finalizou o cineasta.

Arturo Saboia destacou a importância de produções com a de Frederico Machado para a ampliação do cenário cinematográfico maranhense. Ressaltou ainda o surgimento de produtores e diretores, que têm alcançado destaque nacional e internacional. “Tivemos o longa-metragem Exercício do Caos, do Frederico Machado que recebeu críticas elogiosas pelo Brasil. Tivemos as diversas premiações de Acalanto pelo país e pelo mundo, além de outro curta-metragem de um jovem realizador maranhense, Lucas Sá, que também teve seu filme em diversos festivais. E vemos uma nova geração despontando, como o Marcos Ponts, que se prepara para rodar seu primeiro longa-metragem em 2014”, acrescentou.

Outro destaque do cinema no Maranhão foi o lançamento nacional do longa-metragem Exercício do Caos, do cineasta Frederico Machado, que esteve em exibição em mais de 30 cinemas do país, tendo como umas das exibidoras a Rede UCI Kinoplex. “O filme está sendo considerado um dos melhores do ano pela crítica, o que nos deixa muito felizes. Acho que é um feito gigantesco para uma produção independente”, afirmou Frederico Machado.

Esse foi o primeiro longa-metragem gravado e produzido aqui no estado, além de ter sido realizado de uma maneira totalmente independente, com uma equipe pequena, apenas quatro pessoas e seis atores. O roteiro foi inspirado numa ópera de Prokofiev chamada O Anjo do Fogo, e o título do filme homenageia um dos livros do poeta Nauro Machado, pai de Frederico. No filme, a história de um pai autoritário, que vive com as três filhas adolescentes numa fazenda de mandioca no interior do Maranhão. As jovens vivem sob a ausência da mãe e a brutalidade de um estranho capataz, que as explora. Com isso, vivem divididas entre a ilusão da infância e a cruel realidade de suas vidas. As gravações aconteceram em São Luís, no bairro Coquilho, zona rural da capital.

http://imirante.globo.com/namira/not...maranhao.shtml

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